terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Quatro de janeiro de dois mil e quinze, na mesa: a cevada que serviria em breve de petisco àquela conversa que no improviso mudaria a vida dos dois, na árvore ao lado: pássaros que comiam as explicadas laranjas, no rio que beirava: cheiro de tarde.
Ela, enquanto olhava o rio, levava vez ou outra o copo à boca para pequenos goles, segurando o choro e balbuciava palavras que saiam com uma voz engasgada.
Ele, a olhava firme e falava sobre o quanto o projeto político seria impactado.
Tudo era apenas possibilidade, mas ninguém esperava por tal conversa naquela tarde de domingo.
Os corações bateram mais rápido, as mãos se encontraram apertadas ao meio da mesa, o pôr do sol despencava da paisagem, a água sumira como que com o apagar de uma borracha, o vestido de malha branco, a camisa de saco e o shorts também brancos iam pelo vento.
Os olhares se encontraram, refletiram malas, dor, incerteza, medo.

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